REVISTA MOTO ADVENTURE


Pessoal!
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Essa postagem é especial. De todas, essa foi a única postagem que eu não esperava.
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Nossa viagem foi publicada na maior revista de viagens de moto do Brasil: a revista Moto Adventure, edição 145, dezembro 2012, justamente na sua edição de aniversário de 12 anos de existência.
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Isso nos enche de orgulho, claro. Nunca imaginamos que pudesse acontecer um dia e nunca tivemos essa pretensão. Nossa viagem despertou interesse no pessoal da revista que está acostumado com as mais desafiadoras aventuras por todos os cantos do planeta. Dá para acreditar nisso? Quando recebi o contato não acreditei, achei que fosse brincadeira de alguém. Perguntas do tipo "será? Como assim?" surgem todo o tempo. Mesmo sendo real, demorou para "cair a ficha".
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Neste mês de dezembro comemoramos 1 ano de "Extremo Sul". Ainda hoje, sozinho, às vezes me pego pensando nos precipícios do Paso Agua Negra, na mata intocada da Carretera Austral e nos ventos fortes da temida e isolada RA 40. Impossível esquecer a chegada - mais que esperada - da minha esposa para então completar esta viagem. Manu, sem sua coragem e apoio mesmo quando diziam que a moto me deixaria a pé no alto da cordilheira, nada disso seria possível. É verdade que a moto chegou fraquinha, não passava dos 80 km/h mas chegou. Faz muita diferença quando alguém acredita e confia na gente. Muito obrigado por acreditar e viver o meu sonho, Manu, embarcar nessa viagem de corpo e alma e, principalmente, por ser quem você é - todas as minhas razões numa única pessoa.
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Mas o momento mais incrível de toda a viagem foi a chegada em Campos-RJ. Minha família e amigos próximos me aguardavam com música, fogos e papel picado, todos vestidos com uma camisa escrita "Extremo Sul" que mandaram fazer em segredo. Aliás, toda a festa foi segredo. Nunca desconfiei desta surpresa assim como eles não desconfiam como isso me marcou. Pai, mãe(s), irmãos, sobrinhos, tios, cunhados, amigos etc MUITO OBRIGADO! Pai e Mãe, esse muito obrigado é por toda a luta e esforço para dar os seus três filhos um ambiente acolhedor de muito amor e respeito. Por fazerem de tudo, absolutamente tudo, por nós três.
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Agradecimento especial para o meu amigo e ídolo Edgard Cotait, um cara que já fez incontáveis viagens inacreditáveis pelo Brasil, América do Sul, Europa e Ásia. Sempre que possível foge da segurança do asfalto e qualquer trilha vira caminho. Um currículo invejável. Um sujeito humilde que fala de suas viagens e que te escuta com igual prazer. Um fora de série. Foi ele que "descobriu" nossa viagem e, graças ao Ed, a matéria foi publicada.
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Abaixo vai um trecho da matéria publicada.
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http://www.motoadventure.com.br/motoadventure/index.jsp?page=news&cd=aa36c88c27650af3b9868b723ae15dfc
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Um forte abraço a todos e aguardem pois 2013 tem mais.
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P.V.

Paso Agua Negra - Vídeo

Pessoal!
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Fiz uma seleção de alguns vídeos (a maioria on board) da travessia do Paso Agua Negra, em 2011. Muito frio, gelo e vento forte. Espero que curtam.
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Vou reproduzir abaixo extamente o que escrevi no blog no dia desta travessia:
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A travessia da Cordilheira dos Andes, com seus quase 5.000 m altitude, foi o grande momento da viagem até aqui. Não saberia usar as palavras adequadas para explicar o que significa fazer a travessia Argentina-Chile pelo rípio do Paso Agua Negra. Este caminho é bloqueado pela neve o ano inteiro e somente no verão, quando o gelo começa a derreter, é possível a passagem.
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Antes de subir, silêncio total. Medo e tensão no limite do imaginável. Nada poderia dar errado hoje, nenhuma quebra, nem um furo de pneu e muito menos um erro na condução da moto. Hoje não. A respiração muda, a boca fica seca e instintivamente a perna treme. Vergonha? Nenhuma. A altitude exige muito respeito e cobra um preço muito caro para quem a desmerece. Não se tem socorro fácil e rápido do rípio lá em cima.
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Os metros vão sendo vencidos e o frio começa a apertar. Um vento forte e gelado é o fiel companheiro. O piso é pior que imaginei: muitas pedras soltas, escorregadio. É como se você andasse na areia mas com diâmetro dos grãos maior. Uma sensação parecida com andar sobre bolas de gude, acredito. Os primeiros gelos vão aparecendo e o termômetro que instalei na moto marcava 5ºC. É preciso estar preparado para o frio e o forte vento. É verdade que alguns lugares são mais protegidos e então tirar foto é fácil. Em outros, desprotegidos do vento, os dedos travam e bater uma foto vira tarefa complicada.
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Cenários improváveis e indescritíveis surgem a cada curva. Como a natureza é impressionante!
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Eu já havia cruzado a Cordilheira dos Andes em duas outras oportunidades: pelo Paso de Jama, para quem vai da Argentina ao Deserto do Atacama, e o Paso Cristo Redentor, que liga a Argentina à capital chilena. Todos são belos diga-se de passagem. Em Jama temos trânsito de caminhões durante todo o tempo. No Cristo chega a ser monótono tamanho movimento de carros e caminhões. No Paso Agua Negra, além de ser mais alto, é deserto, no rípio e o socorro não é fácil. É por isso que muitas pessoas vem aqui em busca de adrenalina e testar seus próprios limites.
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Consegui. Passei pelo rípio do Agua Negra sem quebras, quedas ou algum mal de altitude. É um duro teste psicológico e uma grande conquista pessoal. Vários gritos foram abafados dentro de meu capacete, pura euforia. Alguns gritos são impronunciáveis.
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Deixo aqui registrado meu respeito a quem já fez essa travessia. Não importa com que meio de transporte e em grupo. O importante mesmo é ir, ver e sentir tudo que eu tive a oportunidade de viver hoje. Que grande dia eu tive!
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Um forte abraço e obrigado pela companhia.
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Paulo Victor Sciammarella

Vídeo desta viagem

Pessoal,
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Esta viagem foi um sonho colocado no papel há alguns anos e que virou realidade no fim de 2011 e início de 2012. Chegar de moto em Ushuaia, ao contrário do que possa parecer, nem foi o mais importante e marcante. Cruzar a Cordilheira dos Andes pelo rípio do Paso Agua Negra, um lugar realmente desafiador, é indescritível. Depois percorrer a Carretera Austral, uma estrada de chão cravada na Cordilheira dos Andes, no meio da mata, na patagônia chilena, uma das regiões menos exploradas pelo homem, foi especial. O encontro com Manuela, minha esposa, em El Calafate não poderia ser melhor. Seguimos juntos, de moto (claro!!), rumo à Ushuaia e depois subimos até Puerto Madryn. Uma segunda lua de mel, com certeza.
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Agradeço a todos que apoiaram e incentivaram para que esse sonho saísse do papel. E também todos os comentários pelo blog, email e mensagens diárias pelo celular.

O vídeo original da viagem Extremo Sul foi bloqueado pelo youtube graças aos direitos autorais da música que escolhemos. Tentei argumentar que nosso vídeo não tinha fins lucrativos e que a música tinha 31 anos (foi lançada em 1981) mas não teve jeito.
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Então vamos tentar novamente mas agora em duas versões.
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Extremo Sul - Parte 1

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Extremo Sul - parte 2
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Espero que gostem e que o pessoal do youtube o mantenha ativo.
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Abraços

Caratinga-MG, Brasil, 24 de janeiro de 2012




Números e mais números

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Pessoal, usarei este espaço para divulgar os números finais desta expedição Extremo Sul. Saí de Caratinga-MG no dia 15 dezembro 2011 e retornei apenas em 24 janeiro 201, totalizando 41 dias fora de casa.

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km total. Além da moto, alugamos um carro para percorrer toda a região da Península Valdes-Argentina e 5 travessias de barco foram necessárias e esta km também foi incorporada.

16.219 km de moto (média 19,2km/l)

726 km de carro (média 11,6km/l)

247 km de barco

Somando os três, teremos precisamente 17.192km

Manu andou 3.814km sendo 3.088km moto mais 726km de carro.

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Gasolina.

Moto 848,9 litros

Carro 62,6 litros

Total 911,5 litros de gasolina

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Rípio.
Paulo Victor: 1.288km moto + 198km carro = 1.486km

Manuela: 280km moto + 198km carro = 478km

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Barco

Puerto Montt a Chaitén: 150km

Lago General Carrera: 37km

Estreito de Magalhães: 2x5km = 10km

Buenos Aires a Colonia (Buquebus): 50km

Total: 247km

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Em poucos dias colocarei aqui no blog um vídeo resumo desta expedição. Aguardem.

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Obrigado por fazer parte desta viagem!

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Abs



Campos-RJ, Brasil-il-il-il-il-il, 21 de janeiro 2012

A melhor parte da viagem I


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A melhor parte da viagem II
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Faixa
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Faixa
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Dormi na sala antes do final da festa sob os olhares de minha linda sobrinha


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Dormir não foi fácil. A ansiedade de chegar logo em Campos-RJ e encontrar os familiares e amigos era muito grande. Fritei na cama. Rolei de um lado para o outro e dormi de 3:30hrs até 04:15hrs. Não mais que isso. Por vezes cheguei a cogitar pegar logo a estrada mesmo sem dormir. Queria chegar logo.


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04:15hrs foi meu limite. Levantei e fui pagar a "diária" de poucas horas - absurdos R$ 230. Coloquei a roupa ainda molhada e fui para a moto. Precisava ainda apertar e lubrificar a corrente e isso foi feito com a lanterna na boca pois a iluminação do hotel estava bem abaixo do normal - funcionava na base do gerador devido ao acidente de ontem com o caminhão e o transformador.
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Voltei para a BR116 as 05:30hrs. A moto continuava com o rendimento bem abaixo do normal, já relatado anteriormente. Cheguei em Campos às 18:40hrs - 11 hrs de estrada parando apenas para reabastecimento e pedágios. Não bebi água, não fui ao banheiro, nada. A ansiedade não permite.
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A chegada foi inesquecível. Esposa, família e amigos me aguardavam com uma festinha surpresa. Fogos, papel picado, música tema da vitória do Ayrton Senna e aquelas terríveis bolas de aniversário faziam parte da algazarra. Muitos abraços, beijos, lágrimas e tapinhas nas costas que nunca esquecerei. Que recepção! Não cometerei o erro de tentar descrever tudo que senti neste instante. Obrigado a todos por este momento tão especial.


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A jornada deste dia foi de 1127km. O total só de moto até Campos é de 15.833km. Ainda preciso fazer a contabilidade geral do projeto Extremo Sul, incluindo km de carro e km de barco, além da viagem para Caratinga-MG onde resido atualmente e de onde saí, em 15 de dezembro de 2011.
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Hoje, segunda 23 janeiro, minha moto foi consertada em Campos-RJ mesmo. Havia muita sujeira na bomba de combustível - e isso limitava a moto em 6000 giros - e um grande amigo, parceiro do motoclube e ídolo realizou o conserto. Sérgio Cortes, experiente motociclista do Motoclube de Campos, rapidamente deixou minha moto um foguete de novo. Um cara extremamente bacana, humilde, admirado por todos e grande conhecedor de tudo que diz respeito a motos, Sérgio é um raro viajante de duas rodas que já rodou por quase todos os países das três américas. Apenas para se ter uma idéia, seu último feito foi vir de moto dos EUA até Campos-RJ há pouco mais de 4 meses. Realmente um cara fora de série. Sérgio, um forte abraço para você e obrigado por todas as "dicas" e conselhos.






Em dois dias coloco os números finais desta expedição.


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Obrigado por fazer parte desta viagem!






Campina Grande do Sul-PR, Brasil-il-il-il, 20 de janeiro 2011

Pessoal!
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O plano era passar de Curitiba hoje de qualquer jeito. Deu certo. Passei por mais ou menos 60km e a do dia 744km. Nada mal com uma CG Titan 600 com 1/2 jegue de potência. Uma chuva fortíssima nos últimos 100km e fui obrigado a parar quando anoiteceu. Recusei dois hotéis anteriores não por ficar em posto de gasolina e sim por não ter garagem. A garagem é extremamente importante pois todas as coisas ficam na moto mesmo. Desço com o mínimo possível - atualmente só com a mala de tanque. E as coisas pioram quando chove pq meu GPS não é de moto e não resiste a água.
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Depois que vc tem um GPS você não sabe quanto tempo conseguiu viver sem um. Na procura de hotéis, bancos, postos de gasolina, aeroportos etc é um tremendo auxílio. E foi justamente esse auxílio que não tive hoje nesta forte chuva. Para piorar, um caminhão derrapou e acertou um transformador 50km depois de Curitiba, pertinho daqui - breu total! Já era noite, todo molhado e com frio vi uma placa para o Mabu Capivari Resort. Peguei uma estradinha de chão- cheia de lama!! - e cheguei no Resort praticamente todo apagado devido a queda de energia.
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Entrei na recepção sob olhares desconfiados: sujo de lama, molhado e com medo do valor da diária, perguntei de cara qual preço do quarto mais barato. Imagina a cena! Claro, uma facada. Pelo menos a recepcionista falou com jeito e devagar (acho que para não me assustar) R$ 230 com jantar e café da manhã. Havia gente demais na recepção - acho que o rico tem medo de escuro pois parece que todos os hóspedes estavam na recepção. Deviam estar pensando " o que esse sujeitinho está fazendo aqui?". Pois é. Até eu me perguntei isso. O que o desespero não faz.
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Topei. Para não me sentir tão mal com esse valor da diária, corri ainda molhado para o restaurante pois um farto jantar me esperava. O responsável na entrada do restaurante me barrou na porta, pois nem desconfiou que eu era hóspede......rsrsrsr. Nem podia. Que comida boa! Comi feito um animal. Me servi 2 vezes. Sobremesa. Voltei para um último pedaço de carne com um molho que não faço a mínima idéia do que seja e arroz com palmito mesmo depois da sobremesa!! Pronto, agora continuo com uma dívida de R$ 230 e quase golfando.
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Amanhã tenho pouco mais de 1.000km para Campos-RJ. Me esperem pois estou chegando. E de preferência com um sonrisal na mão.
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Tá bravo mas tá bão.
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Obrigado por fazer parte desta viagem!
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Abs

Novo Hamburgo-RS, Brasil-il-il-il-il, 19 de janeiro 2012

Punta del Este, Uruguai

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Brinquedinhos em Punta del Este: audi r8 e porsche cayenne no posto de gasolina
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Fronteira Brasil-Uruguai
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Brasil-il-il-il-il
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Ficar em Punta del Este é impossível: o orçamento explode, não tem jeito. Tudo muito bonito mas extremamente caro. Acho que nem um Salão do Automóvel tem mais carro bacana que lá. Não encontro parâmetro para Punta del Este, pelo menos nunca vi parecido. Tratei de cair fora cedinho - antes que minha moto encostasse num BMW, Audi, Porsche ou Ferrari - até pq estou perto de casa e lugare$ a$$im não fazem bem a $aúde.

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A ansiedade para voltar é muito grande. Você come rápido, dorme rápido e arruma a moto rápido, tudo para estar na estrada o quanto antes. E essa é a melhor parte da viagem: voltar para casa! Em nenhum momento fiquei mais feliz. Voltar para as pessoas queridas e seu próprio canto não tem preço.

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Fiz 804 km entre Punta del Este e Novo Hamburgo, pouco depois de Porto Alegre. Assim que entrei no Brasil, comprei um aditivo Bardahl para o combustível na esperança que melhorasse o rendimento da moto. Para quem não lembra, tenho atualmente um limite em 7000 giros impossível de ser ultrapassado. Acredito que seja combustível vagabundo na Argentina o causador do problema. Coloquei a dose recomendada do aditivo e, a situação era tão feia(suja), que acabou piorando tudo. Mais sujeira deve ter entrado nos bicos injetores e meu limite caiu para 6000giros. Nas subidas a moto chegou a vel.max 95km/h. Triste!

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Quando encontro uma fila de caminhões o drama aumenta. Não tenho torque para ultrapassá-los. É preciso negociar um a um. E quando surge uma oportunidade de ultrapassagem para mim, também é oportunidade para o caminhoneiro passar o da frente. E as vezes "largamos" juntos.

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Sábado, dia 21, chego em Campos-RJ. Mesmo que seja me arrastando mas eu chego. Lento e feliz na minha CG 600, com 1/2 jegue de potência. Vamo que vamo.

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Obrigado por fazer parte desta viagem.
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Abs